segunda-feira, 19 de novembro de 2012

POR QUALQUER DINHEIRO?


ESCRAVO DA GRANA
(LEANDRO FREGONESI / Carlos Ferreira / Vinicius Ferreira)

Por qualquer dinheiro
Você abre mão dos ideais que defendia
Por qualquer moeda
Sua opinião perde a razão, que covardia

Simplicidade ficou no passado
No tempo do pouco no prato
Foi embora a sabedoria
Filosofia familiar tá fora de moda pra você usar
Prefere a elite, a origem omite ao se apresentar

Ser ou não ser, dinheiro e poder
Eis a questão
Quanto mais tira os pés do chão
A raiz apodrece
Parece uma outra pessoa
Que veio de outro lugar
Não lembra de agradecer
Mas a gente perdoa

O poder compra posição
Mas não compra respeito
Quer moral mas não tem o direito
Vendeu a consideração
Esqueceu do passado
Ficou escravo da grana
Hoje tem condição de bacana
Mas seu conceito não vale um centavo

...

A história dessa música:

Tudo começou assim, lendo este dito indígena:

"Somente depois que a última árvore for cortada
Somente depois que o último rio for envenenado
Somente depois que o último peixe for pescado
Somente então descobrirás que não se pode comer o dinheiro".
(Profecia dos Índios Cree)

Semanas depois, nos bastidores da gravação do DVD do Dudu Nobre, na Cidade do Samba, me encontro com o Mestre Monarco, que me dá a honra de uma conversa de horas. Em vários momentos de sua fala, sempre cheia de informações históricas, ele volta ao mesmo ponto: "antigamente o sambista não fazia samba pelo dinheiro".

E este tema "dinheiro", que já estava na minha cabeça, desceu em forma de refrão.

Neste mesmo dia, encontrei com os amigos Carlos e Vinícius Ferreira. Eu já tava indo embora, já era tarde, mas não resisti à uma série de saideiras. Então, veio a deixa: "Pô, Fregonesi, quando é que a gente vai compor juntos?". Eu disse: "Hoje! Olha aqui o refrão que acabei de fazer."

Cantei o refrão e eles levaram para terminar. Dias depois, o samba estava pronto. Gostei!

Alguns pequenos ajustes e já foi! Mais um pra conta e parceria nova!

Boa audição!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Uma nova Parceira




PRO BEM DA GENTE
(Ana Reis / Leandro Fregonesi)

A dor me apavora
Quase não posso falar
A voz se cala, o peito chora
Quase chego a não suportar
E pensar que o tempo passou
Que nossa história se fez
Hoje sem você nem sei quem sou
Poderia me perder de vez

Vou dormir querendo só você
Quando acordo não estou mais só
Já não sei se fiz por merecer
Mas o amor desfez o nó

Hoje eu fiz um samba diferente
Pois aquela magoa já passou
Hoje eu posso ver, pro bem da gente
O amor não se rendeu, vingou

...

Minha mais recente ida a Brasília, para cantar com a amiga Renata Jambeiro, me deu de presente uma nova amiga: Ana Reis.

Ambos, eu e Ana Reis, participamos do show da Renata e nos conhecemos na passagem de som.

A querida Helena Pinheiro, minha parceirona que é a uma antena parabólica, já tinha me alertado: "Fregonesi, você precisa ouvir o disco da Ana Reis. É lindo! Ela canta muito". Mas, até então, eu não tinha tido a oportunidade de ouvir. Daí, no dia do show, trocamos CDs e eu vi Ana Reis no palco, ao vivo.

Sabe aquela frase do João Nogueira, "Um lindo canto com um gosto de viver..."? Pois é. Foi isso me que passou pela cabeça: Essa tal de Ana Reis canta e é muito.

E, o mais importante, é tudo natural, é tudo verdade. A voz doce sem ser melada, a afinação bonita, um timbre leve mas cheio de personalidade, a interpretação sem rococós. Enfim, do jeito que eu gosto. Do jeito que o samba precisa. Veja "Doce na Feira", de Jair do Cavaquinho, da querida Portela, na interpretação dela:



E, ao ouvir com calma o seu CD "Quisera Eu", conheci a COMPOSITORA Ana Reis...

Então, a convidei para ser minha parceira. Ela aceitou. E me mandou duas letras, para as quais eu fiz as melodias. Uma delas é: "PRO BEM DA GENTE".

Então, Senhoras e Senhores, Malandros e Cabrochas, está inaugurada a parceria Ana Reis e Leandro Fregonesi.

Boa audição! Saravá!

domingo, 4 de novembro de 2012

O MOLEQUE BATUCOU

De volta ao Blog e ao Brasil, após uma viagem de 25 dias pela Europa para fazer dois shows na Espanha (em Madrid e Barcelona, pelo Festival TENSAMBA, que já levou gente bamba como Wilson das Neves, Gal Costa, Maria Rita, Adriana Calcanhotto, João Donato, Ed Motta, Teresa Cristina, Seu Jorge e, neste 2012, levou o Fregonesi aqui, juntamente com as cantoras Maíra Freitas e Joyce Cândido) e participar da WOMEX (World Music Expo), a maior feira de shows do mundo, na simpática cidade de Thessaloniki, na Grécia, cá estou eu.

Eis algumas fotos, devidamente legendadas:

Montagem de palco e passagem de som, Madrid - 06/10/2012


Show em Madrid - 06/10/2012


Montagem de palco e passagem de som, Barcelona - 07/10/2012


Show em Barcelona - 07/10/2012


Encerramento do Festival TENSAMBA - Barcelona - 07/10/2012


Womex - World Music Expo 2012 - Thessaloniki, Grécia


Womex - World Music Expo 2012 - Thessaloniki, Grécia

...

Foi tudo muito legal, tudo muito bacana, os shows foram lindos, os músicos arrebentaram (Marcio Ricardo, Guilherme Sá, Cassius Theperson, Rafael Chaves e Sandro Salvador), nossa produção aqui do Brasil mostrou excelente serviço e, poder levar o nosso Samba para a Europa, cantando coisas autorais inclusive, representando o Brasil, foi uma emoção bonita.

Eis uma foto de toda a nossa equipe, num almoço em Madrid:


...

Mas o bom de viajar, em certo aspecto, é voltar. Voltar pra nascente da nossa inspiração, sobretudo.

E, bem antes dessa turnê acontecer, eu e o Rafinha, parceiro de fé, tínhamos feito este samba que, a cada dia que passa, faz mais sentido pra mim.

Compusemos a música voltando de um show na Barra, estávamos num clima de exaltação à força e à pujança do Brasil e, ao mesmo tempo, sempre soubemos das crueldades por trás da nossa história, seja no passado, seja no presente.

Mas, acima de tudo, somos filhos de um Chão que tem o dom de se refazer do sofrimento secular. Sem rancor algum.

Coisas de um País generoso e colossal.

Salve a Nação de Oxalá e Tupã!

Ainda é um samba inédito. Boa audição!





O MOLEQUE BATUCOU
(Leandro Fregonesi / Rafael dos Santos)

O MOLEQUE BATUCOU
FOI NA PELE DO TAMBOR
E O MUNDO INTEIRO OUVIU
UM RECADO SEM RANCOR
DA CUÍCA QUE RONCOU
PELA FOME QUE SENTIU
DE MOSTRAR O SEU VALOR
ESSE POVO ALÉM DE SONHADOR
SABE BEM A DOR QUE VIU
QUEM ARDIA NO CHICOTE
ESPEROU MUDAR A SORTE
SALVE O POVO DO BRASIL

SOU FILHO DESSE CHÃO
QUE TEM OURO, MADEIRA, TEM CAFÉ E CANA
TEM A FORÇA INDÍGENA E AFRICANA
BRAÇO FORTE QUE ERGUEU
A NAÇÃO DE OXALÁ E TUPÃ
SEGREDOS SAGRADOS
GUARDADOS NO FUNDO DO MAR
MISTÉRIOS DA TERRA
QUE O TEMPO IRÁ REVELAR
JORRA A SEIVA DO PEITO DA MÃE NATUREZA
POR ESSA MATA QUE MATA A INCERTEZA
QUEM LUTA POR PAZ, REFAZ O AMANHÃ
COM A FÉ QUE RELUZ
NO BALANÇO DOS BALANGANDÃS

ÔOO
ÔOOOO
HISTÓRIA SE FAZ COM PANDEIRO, CAVACO E TANTÃ