domingo, 16 de dezembro de 2012

ÁGUIA DE OURO 2013

Agora sim, o samba oficial da Águia de Ouro para o carnaval 2013. Para mim, uma honra imensa homenagear um compositor do porte de João Nogueira. Boa audição.

Risca a pemba!





G.R.C.E.S. ÁGUIA DE OURO 2013
“MINHA MISSÃO, O CANTO DO POVO: JOÃO NOGUEIRA”
Autores: Ciraninho, Diogo Nogueira, Leandro Fregonesi, Rafael dos Santos e Serginho Castro
Intérprete: Serginho do Porto

DEIXA A LUZ DO AMANHECER
ILUMINAR A AVENIDA
VEM RECORDAR A MISSÃO DE UM POETA
E EXALTAR AS BELEZAS DA VIDA
RENASCE JOÃO... SOB O PODER DA CRIAÇÃO
Ê, VIDA BOA! NO MÉIER, LABAREDA NO OLHAR
Ê, VIDA À TÔA! BOÊMIO À LUZ DO LUAR
Ê, VIDA VÔA! O CLUBE DO SAMBA DESPERTA SAUDADE
VEM BRINDAR! FESTEJAR NO BOTECO DO ARLINDO
MAIS UM SHOW DO FLAMENGO DOMINGO
UM RIO DE FELICIDADE

BOLE QUE BOLE NO SOM DOS TANTÃS
ME LEVA NA FÉ, SÃO JORGE GUERREIRO
QUEBRA NO BALACOXÊ DO CAVACO
CLAREIA MEUS PASSOS, SÃO SEBASTIÃO
APLAUSOS PARA UM GÊNIO BRASILEIRO
ÁGUIA DE OURO É SAMBA AMOR E TRADIÇÃO

VEM POETA NOS BRAÇOS DA PAZ
VER A PORTELA DE TEMPOS ATRÁS
REALIZAR O SEU SONHO DE BAMBA
COMPOR MAIS UM LINDO SAMBA
CANTA SABIÁ, VAI RESPLANDECER
A NAÇÃO XINGU NÃO QUER SE RENDER
QUEM VIVEU DE AMOR, NUNCA VAI MORRER
HOJE O ESPELHO É VOCÊ

E O MEU MEDO MAIOR É O ESPELHO SE QUEBRAR
E O MEU MEDO MAIOR...

JOÃO, TEU NOME É HISTÓRIA
O CANTO DO POVO TE FAZ IMORTAL
NINGUÉM FAZ SAMBA SÓ PORQUE PREFERE
É NÓ NA MADEIRA O MEU CARNAVAL

...

A escola será a última a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 8/02/2013, no Grupo Especial de São Paulo, no sambódromo do Anhembi. Convite feito! Salve, João Nogueira!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

AH, ESSA MENINA...


Olha o papo que o Chico Donadoni me deu...

Fiz uma visita para o Parceiro e ele veio com essa. Então, vamos de samba de roda...


ALVOROÇO
(Chico Donadoni / Leandro Fregonesi)

ESSA MENINA ESTÁ
CAUSANDO O MAIOR ALVOROÇO
DE SAIA RODADA CURTINHA
E ESSE GINGADO QUE É UM COLOSSO

EU VOU FALAR PRA VOCÊ
FICA DIFÍCIL DE NÃO SE OLHAR
OLHAR PERDIDO NO SEU BALANCÊ
CORAÇÃO BOBO A SE APAIXONAR
REBOLA BOLA, DIZ QUE DÁ NA BOLA
NA BOLA QUE ROLA NÃO SEI SE VAI DAR
DE UM JEITO MANHOSO ELA MEXE GOSTOSO
E MOSTRA PRO POVO QUE SÓ QUER SAMBAR

ESSA MENINA ESTÁ
CAUSANDO O MAIOR ALVOROÇO
DE SAIA RODADA CURTINHA
E ESSE GINGADO QUE É UM COLOSSO

ELA REQUEBRA AS CADEIRAS
REMEXE E MEXE COM MEU CORAÇÃO
SARACOTEIA NA BARRA DA SAIA
QUANDO BAMBOLEIA, ELA RODA O PIÃO
NO BOLE BOLE O SEU REMELEXO
É DE CAIR O QUEIXO, NÃO É MOLE NÃO
SE ENCOSTA, SE EMBOLA, SE ESFREGA E SE ENROSCA
E GOSTA DE VER MEU OLHAR DE PAIXÃO

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SORTE E FÉ

Finalmente este samba ficou pronto! Aê, Fregonesi!

É porque tenho certeza de que a vida com sorte e com fé fica ainda mais linda!

...


SORTE E FÉ
(LEANDRO FREGONESI)

OLHA EU TENHO SORTE
OLHA EU TENHO FÉ
O MEU SANTO É FORTE
VEIO DA GUINÉ
UM TAMBOR DE CORTE
BATEU PRA BENZER
DEUS ME DEU UM NORTE
DEUS ME DEU VOCÊ

FLOR DO MANDACARU
MINHA ESTRELA, MINHA REZA
QUANDO SEM PRESSA A TUA MÃO ME AFAGA
APAGA QUALQUER DOR DA VIDA
É MEU SOL, MINHA COMIDA
MINHA SOMBRA E MINHA ÁGUA

OLHA EU TENHO SORTE
OLHA EU TENHO FÉ
O MEU SANTO É FORTE
VEIO DA GUINÉ
UM TAMBOR DE CORTE
BATEU PRA BENZER
DEUS ME DEU UM NORTE
DEUS ME DEU VOCÊ

FORÇA E BELEZA
SUTILEZA E PAZ
É O CAIS QUE DÁ GUARIDA
CONTRA OS VENDAVAIS
É O CHÃO E A SEMENTEIRA
PRO AMOR NASCER
É O VENTO BOM QUE FAZ
A VIDA FLORESCER

EU ERA UM MARINHEIRO
E VOCÊ ERA O MAR
EU ERA UM BANDOLEIRO
A TE PROCURAR
QUANDO EU SENTI TEU CHEIRO
A ME PERFUMAR
EU QUE ERA SOLTEIRO
LOGO QUIS CASAR

...

Boa audição a todos!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

POR QUALQUER DINHEIRO?


ESCRAVO DA GRANA
(LEANDRO FREGONESI / Carlos Ferreira / Vinicius Ferreira)

Por qualquer dinheiro
Você abre mão dos ideais que defendia
Por qualquer moeda
Sua opinião perde a razão, que covardia

Simplicidade ficou no passado
No tempo do pouco no prato
Foi embora a sabedoria
Filosofia familiar tá fora de moda pra você usar
Prefere a elite, a origem omite ao se apresentar

Ser ou não ser, dinheiro e poder
Eis a questão
Quanto mais tira os pés do chão
A raiz apodrece
Parece uma outra pessoa
Que veio de outro lugar
Não lembra de agradecer
Mas a gente perdoa

O poder compra posição
Mas não compra respeito
Quer moral mas não tem o direito
Vendeu a consideração
Esqueceu do passado
Ficou escravo da grana
Hoje tem condição de bacana
Mas seu conceito não vale um centavo

...

A história dessa música:

Tudo começou assim, lendo este dito indígena:

"Somente depois que a última árvore for cortada
Somente depois que o último rio for envenenado
Somente depois que o último peixe for pescado
Somente então descobrirás que não se pode comer o dinheiro".
(Profecia dos Índios Cree)

Semanas depois, nos bastidores da gravação do DVD do Dudu Nobre, na Cidade do Samba, me encontro com o Mestre Monarco, que me dá a honra de uma conversa de horas. Em vários momentos de sua fala, sempre cheia de informações históricas, ele volta ao mesmo ponto: "antigamente o sambista não fazia samba pelo dinheiro".

E este tema "dinheiro", que já estava na minha cabeça, desceu em forma de refrão.

Neste mesmo dia, encontrei com os amigos Carlos e Vinícius Ferreira. Eu já tava indo embora, já era tarde, mas não resisti à uma série de saideiras. Então, veio a deixa: "Pô, Fregonesi, quando é que a gente vai compor juntos?". Eu disse: "Hoje! Olha aqui o refrão que acabei de fazer."

Cantei o refrão e eles levaram para terminar. Dias depois, o samba estava pronto. Gostei!

Alguns pequenos ajustes e já foi! Mais um pra conta e parceria nova!

Boa audição!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Uma nova Parceira




PRO BEM DA GENTE
(Ana Reis / Leandro Fregonesi)

A dor me apavora
Quase não posso falar
A voz se cala, o peito chora
Quase chego a não suportar
E pensar que o tempo passou
Que nossa história se fez
Hoje sem você nem sei quem sou
Poderia me perder de vez

Vou dormir querendo só você
Quando acordo não estou mais só
Já não sei se fiz por merecer
Mas o amor desfez o nó

Hoje eu fiz um samba diferente
Pois aquela magoa já passou
Hoje eu posso ver, pro bem da gente
O amor não se rendeu, vingou

...

Minha mais recente ida a Brasília, para cantar com a amiga Renata Jambeiro, me deu de presente uma nova amiga: Ana Reis.

Ambos, eu e Ana Reis, participamos do show da Renata e nos conhecemos na passagem de som.

A querida Helena Pinheiro, minha parceirona que é a uma antena parabólica, já tinha me alertado: "Fregonesi, você precisa ouvir o disco da Ana Reis. É lindo! Ela canta muito". Mas, até então, eu não tinha tido a oportunidade de ouvir. Daí, no dia do show, trocamos CDs e eu vi Ana Reis no palco, ao vivo.

Sabe aquela frase do João Nogueira, "Um lindo canto com um gosto de viver..."? Pois é. Foi isso me que passou pela cabeça: Essa tal de Ana Reis canta e é muito.

E, o mais importante, é tudo natural, é tudo verdade. A voz doce sem ser melada, a afinação bonita, um timbre leve mas cheio de personalidade, a interpretação sem rococós. Enfim, do jeito que eu gosto. Do jeito que o samba precisa. Veja "Doce na Feira", de Jair do Cavaquinho, da querida Portela, na interpretação dela:



E, ao ouvir com calma o seu CD "Quisera Eu", conheci a COMPOSITORA Ana Reis...

Então, a convidei para ser minha parceira. Ela aceitou. E me mandou duas letras, para as quais eu fiz as melodias. Uma delas é: "PRO BEM DA GENTE".

Então, Senhoras e Senhores, Malandros e Cabrochas, está inaugurada a parceria Ana Reis e Leandro Fregonesi.

Boa audição! Saravá!

domingo, 4 de novembro de 2012

O MOLEQUE BATUCOU

De volta ao Blog e ao Brasil, após uma viagem de 25 dias pela Europa para fazer dois shows na Espanha (em Madrid e Barcelona, pelo Festival TENSAMBA, que já levou gente bamba como Wilson das Neves, Gal Costa, Maria Rita, Adriana Calcanhotto, João Donato, Ed Motta, Teresa Cristina, Seu Jorge e, neste 2012, levou o Fregonesi aqui, juntamente com as cantoras Maíra Freitas e Joyce Cândido) e participar da WOMEX (World Music Expo), a maior feira de shows do mundo, na simpática cidade de Thessaloniki, na Grécia, cá estou eu.

Eis algumas fotos, devidamente legendadas:

Montagem de palco e passagem de som, Madrid - 06/10/2012


Show em Madrid - 06/10/2012


Montagem de palco e passagem de som, Barcelona - 07/10/2012


Show em Barcelona - 07/10/2012


Encerramento do Festival TENSAMBA - Barcelona - 07/10/2012


Womex - World Music Expo 2012 - Thessaloniki, Grécia


Womex - World Music Expo 2012 - Thessaloniki, Grécia

...

Foi tudo muito legal, tudo muito bacana, os shows foram lindos, os músicos arrebentaram (Marcio Ricardo, Guilherme Sá, Cassius Theperson, Rafael Chaves e Sandro Salvador), nossa produção aqui do Brasil mostrou excelente serviço e, poder levar o nosso Samba para a Europa, cantando coisas autorais inclusive, representando o Brasil, foi uma emoção bonita.

Eis uma foto de toda a nossa equipe, num almoço em Madrid:


...

Mas o bom de viajar, em certo aspecto, é voltar. Voltar pra nascente da nossa inspiração, sobretudo.

E, bem antes dessa turnê acontecer, eu e o Rafinha, parceiro de fé, tínhamos feito este samba que, a cada dia que passa, faz mais sentido pra mim.

Compusemos a música voltando de um show na Barra, estávamos num clima de exaltação à força e à pujança do Brasil e, ao mesmo tempo, sempre soubemos das crueldades por trás da nossa história, seja no passado, seja no presente.

Mas, acima de tudo, somos filhos de um Chão que tem o dom de se refazer do sofrimento secular. Sem rancor algum.

Coisas de um País generoso e colossal.

Salve a Nação de Oxalá e Tupã!

Ainda é um samba inédito. Boa audição!





O MOLEQUE BATUCOU
(Leandro Fregonesi / Rafael dos Santos)

O MOLEQUE BATUCOU
FOI NA PELE DO TAMBOR
E O MUNDO INTEIRO OUVIU
UM RECADO SEM RANCOR
DA CUÍCA QUE RONCOU
PELA FOME QUE SENTIU
DE MOSTRAR O SEU VALOR
ESSE POVO ALÉM DE SONHADOR
SABE BEM A DOR QUE VIU
QUEM ARDIA NO CHICOTE
ESPEROU MUDAR A SORTE
SALVE O POVO DO BRASIL

SOU FILHO DESSE CHÃO
QUE TEM OURO, MADEIRA, TEM CAFÉ E CANA
TEM A FORÇA INDÍGENA E AFRICANA
BRAÇO FORTE QUE ERGUEU
A NAÇÃO DE OXALÁ E TUPÃ
SEGREDOS SAGRADOS
GUARDADOS NO FUNDO DO MAR
MISTÉRIOS DA TERRA
QUE O TEMPO IRÁ REVELAR
JORRA A SEIVA DO PEITO DA MÃE NATUREZA
POR ESSA MATA QUE MATA A INCERTEZA
QUEM LUTA POR PAZ, REFAZ O AMANHÃ
COM A FÉ QUE RELUZ
NO BALANÇO DOS BALANGANDÃS

ÔOO
ÔOOOO
HISTÓRIA SE FAZ COM PANDEIRO, CAVACO E TANTÃ

domingo, 22 de julho de 2012

Quando o galo cantou...



QUANDO O GALO CANTOU
(LEANDRO FREGONESI / HELENA PINHEIRO)

QUANDO O GALO CANTOU
E O SOL DA MANHÃ LEVANTOU
CLAREOU MAIS UM DIA DE RARA BELEZA
E NÃO TEVE NEM DOR, NEM TRISTEZA, NEM INSENSATEZ
DESSA VEZ O AMOR ME PEGOU DE SURPRESA

CHEIRO BOM DE CAFÉ, CAFUNÉ
E O GOSTO DO BEIJO
UM VENTO MOLEQUE
BRINCANDO NA FLOR
SABIÁ-LARANJEIRA CANTANDO
E FAZENDO SEU NINHO
PASSARINHO EU TAMBÉM
TENHO UM GRANDE AMOR

E NA ÁGUA DO RIO QUE DESCE DIRETO DA FONTE
TEM UM MONTE DO SONHO BONITO PRA GENTE VIVER
E BRINCAR NO ARVOREDO E PLANTAR NO QUINTAL A SEMENTE
ESSE AMOR SIMPLESMENTE NÃO PODE MORRER

...

Brasília, domingo, 15 de julho de 2012:

Cheguei tarde no samba dos amigos do Adora Roda, onde havia marcado de encontrar a parceira Helena Pinheiro. Não deu nem 15 minutos e o samba terminou.

Mas era cedo ainda... Nem 10 da noite, acho. Era meu último dia na cidade... Não restou outra opção:

"Helena, vamos lá na sua casa fazer um samba?"

Como não existe "não" pra gente, lá fomos nós... Mas compor o quê?

No caminho, costurei o refrão.

Chegando lá, a Helena emendou a melodia linda dos versos em menor.

Muda daqui, ajeita dali... Antes da meia-noite o samba já estava pronto.

Do nosso encontro, ficaram ainda mais dois sambas de dever de casa, para outro post, quem sabe...

OBRIGADO, HELENA PINHEIRO!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

DONA IVONE LARA



DIVINO SAMBA
Acróstico p/ Dona Ivone Lara

(Leandro Fregonesi)

D ivino samba que nos faz feliz
O amor, a paz e o bem vão germinar dessa raiz
N inguém há de sofrer desilusão e dor
A força do samba ecoou pelo País

I guais, todos irmãos seremos
V eremos o amanhã mais pleno
O nde houver um cavaco, um verso de poesia
N a cidade, no interior, no centro
E nas rodas da periferia

L evaremos a missão
A ceitando o dom que nos foi concedido
R eforçando a fé no coração
A gente faz um futuro mais bonito

.

Quando o Ciraninho recebeu o convite para cantar no show da Dona Ivone, em abril desse 2012, ele estava aqui em casa, pois estávamos gravando um samba nosso.

O convite era pra ele, mas o parceiro, generosamente, perguntou se poderia cantar junto comigo e com o Rafinha, em função de uma das músicas do show, "Samba Mestiço" (recentemente gravada por Beth Carvalho) ser de nós 3.

A produção concordou e lá fomos nós subir ao palco do Teatro Rival, com Dona Ivone Lara, sua banda e sua pujança artística. Para aumentar a emoção, era a celebração do aniversário da Dona Ivone e, no palco, também estavam Nelson Sargento, Bruno Castro e meu parceiro André Lara, neto de Ivone. Casa lotada e, na plateia, além de muitos amigos, estava Helena Pinheiro, minha parceira sobre quem já falei nesse Blog.

Uma noite memorável, que teve um fim de noite mais memorável ainda, com muita cerveja gelada na porta do Rival para comemorar e "Rebusterina, que normalece e revigorece", segundo o engraçadíssimo Chico Donadoni, que também estava lá.

Algumas fotos:


Teatro Rival, abril de 2012.



Rafael dos Santos, Leandro Fregonesi e Ciraninho.



Dona Ivone, Rafael dos Santos, Ciraninho, Bruno Castro, Fregonesi e Helena Pinheiro.


.

Neste dia, antes do show, saí para resolver coisas na rua quando, de repente, me ocorreu: "Fregonesi, você vai pro show de aniversário da Dona Ivone e nem comprou presente?". Imediatamente me passou pela cabeça a importância daquela noite, toda a simbologia daquele encontro e, claro, era Dona Ivone que estava em questão. E eu sem presente pra Dona Ivone? Não poderia ser...

Daí, num impulso único, me veio este samba na mente, que nasceu a partir do nome dela e que acabou sendo o meu presente musical no dia do seu aniversário em que, na verdade, o presente foi nosso.

VIVA DONA IVONE LARA!

terça-feira, 10 de abril de 2012

DINHEIRO MOLE

Segura aí, Malandragem!



DINHEIRO MOLE
(Leandro Fregonesi)

VOU NO BOTECO, PEGO O TACO DA SINUCA
ALI NO BECO DA TIJUCA TEM CERVEJA PRA GELAR
PEGO UMA FICHA, BOTO A BOLA NO TAPETE
É PAR OU ÍMPAR? QUEM COMEÇA? EU JÁ GANHEI, VOU COMEÇAR!
FIM DE SEMANA É QUANDO EU FAÇO MEU SALÁRIO, MEU CUMPADRE
TÁ VALENDO UM GALO PRA FICAR MANEIRO
É MINHA VEZ, SOU VAGABUNDO DA LAPA
EU METO AS SETE NA CAÇAPA E PASSO A RAPA NO DINHEIRO

MUDO DE BAR, VOU PRA VICENTE DE CARVALHO
O PESSOAL QUE É DO BARALHO FECHA O TEMPO SE ME VÊ
SEJA NO TRUCO, NO BURACO, NA SUECA
PINGA LOGO ESSA MERRECA, EMBARALHA O BARALHO AÊ
PODE JOGAR O DOIS, O TRÊS, O QUATRO, O CINCO
JOGA O SEIS E JOGA O SETE QUE EU NÃO VOU FICAR PRA TRÁS
EU JOGO O NOVE, JOGO O DEZ, JOGO O VALETE
JOGO A DAMA, JOGO O REI, PRA TERMINAR EU JOGO O ÁS

NÃO TENHO DÓ DE FATURAR NO CARTEADO
E PASSO LÁ NO ENCANTADO PRA BATER UM DOMINÓ
MISTURA A PEDRA, PEGA A PEDRA E JOGA A PEDRA NA MESA
QUEM COMEÇA É QUEM TEM A PEDRA MAIOR
E JUNTA SEIS COM SEIS, E QUATRO E QUATRO E ZERO COM ZERO
NÃO TEM LERO-LERO, É SÓ RACIOCINAR
É FIM DE PAPO, ACABARAM MINHAS PEDRAS
É ASSIM QUE DIZ A REGRA, PASSA O DINHEIRO PRA CÁ

CORRE MULEQUE, CHAMA A VAN QUE VEM LOTADA
PORQUE ÀS SETE TEM PELADA E EU NÃO POSSO ME ATRASAR
CAMISA DEZ, APERTO O CRAVO DA CHUTEIRA
E BOTA DEZ PRA CADA LADO PORQUE O SHOW VAI COMEÇAR
NO VESTIÁRIO O ADVERSÁRIO FEZ APOSTA COMIGO
É VINTE PRATA CADA VEZ QUE ALGUÉM MARCAR
FOI CINCO A ZERO, EU METI CINCO GOLS DE LETRA
ENTÃO, NA PONTA DA CANETA
PASSA CENZINHO PRA CÁ

TÔ COM DINHEIRO EU PASSO A NOITE NO PAGODE
MEU DEUS COMO É QUE PODE? O POVO PEDE PRA EU CANTAR...
EU MANDO UM SAMBA PRA FUGIR DA ENRASCADA
O COURO COME E A BATUCADA BOTA O POVO PRA SAMBAR
EU MANDO UM VERSO DO CANDEIA E DO CARTOLA
CANTO O REFRÃO DE UM SAMBA NOVO QUE EU FIZ
PASSO O CHAPÉU E FICO SÓ NO BOLE BOLE
EU GANHO UM DINHEIRO MOLE, O PESSOAL FICA FELIZ

VOLTO PRA CASA PORQUE A NÊGA ME ESPERA
E LEVO FLORES PORQUE É PRIMAVERA E ELA GOSTA DE MIM
O NOSSO FOGO ATIÇA QUANDO EU ENTRO PELA PORTA
NÃO IMPORTA SE CHEGUEI DA MISSA OU DO BOTEQUIM
É AÍ QUE EU MANDO O MEU RECADO COM MALÍCIA, MULHER
TE AMAR É BOM PORQUE VOCÊ NÃO PEGA NO MEU PÉ
EU DOU VALOR PRA MINHA NEGA A NOITE INTEIRA
E DEPOIS DA BRINCADEIRA ELA ME FAZ UM CAFUNÉ

EU DOU VALOR PRA MINHA NEGA A NOITE INTEIRA
E DEPOIS DESSA CANSEIRA, ATÉ AMANHÃ SE DEUS QUISER

quinta-feira, 29 de março de 2012

Sabiá Cantou



SABIÁ CANTOU
(Leandro Fregonesi / Chico Donadoni)

Sabiá cantou
Anunciando a alvorada
O sol raiou clareando a madrugada
Cada dia que nasce
É um novo recomeço
Ai, meu Deus eu agradeço
Pela fé na caminhada

O meu caminho é de ida
O meu caminho é de volta
Me refaço no abraço
De quem me vê da janela
E no fim do dia
Sabiá na cantoria
Os meus braços nos seus braços
Meu olhar nos olhos dela

Bendito louvado seja
Mais esse dia sagrado
Quando estou do seu lado
O amor não tem rotina
No firmamento o astro-rei nos abençoa
Meu Deus como a vida é boa
Nessa paz que me fascina

.

Este é um post muito especial:

Além da alegria de ter composto mais um samba com meu amigo Chico Donadoni, dei meu jeito aqui e gravei, pela primeira vez, tocando o acordeom Scandalli 120 baixos que é do meu pai. Este instrumento estava guardado há mais de 50 anos. É uma preciosidade. Vejam:



Na sua infância em Ribeirão Preto (SP), meu pai estudou 13 anos neste acordeom porque o meu avô (um homem humilde que chegou a ser menino de rua e foi acolhido por um alfaiate que, em troca de ter o menino vigiando o seu ateliê, o deixava dormir por lá e o ensinou o ofício que foi a sua primeira profissão) fez questão que todos os seus 05 filhos estudassem música.

Com isso, meu pai, que tinha apelido de Piriquito, aprendeu a tocar acordeom, formou o Trio Pirakitan (acordeom, maraca e cantor, na época do famoso Trio Irakitan), mas não levou adiante a carreira. Apenas guardou o instrumento que, por força do destino, eu roubei.

Este acordeom, portanto, além da beleza física e sonora, tem uma história de sonho, de vida e de amor à música escondida em seu fole. Foi um ex-menino de rua que o adquiriu para que seu filho pudesse ter contato com a música.

Meu avô faleceu antes de me ver nos palcos, mas tenho certeza que ele é um dos que olha por mim nessa trajetória.

Agora seu neto é músico, Vô João!

.

NOTA: Não tenho nenhuma pretensão com o acordeom, não sei tocar, apesar de saber fazer os acordes nas teclas. Por isso deixo aqui o meu respeito a todos os acordeonistas - e sanfoneiros - do Brasil. Eles é que dominam este instrumento maravilhoso.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Opinião

Senhoras e Senhores,

Como todos sabem, sou cantor e compositor.

Vou explicar: são duas coisas totalmente diferentes. Cantor interpreta. Compositor gera.

Meu trabalho é, portanto, gerar bens imateriais, coisas que sua mão não pode segurar, seus olhos não podem ver, mas que existem. A música é imaterial. É fruto de criação intelectual, de pensamento. Esse é o meu trabalho.

Tem gente que vive de produzir carros, sofás, bolas, pneus, travesseiros, sapatos e tudo o mais que é matéria. Mas tem gente, como eu, que vive de produzir músicas. Imatéria.

E, se um deve ser respeitado, o outro também o deve. Se um deve ser remunerado, o outro também o deve.

Só que as pessoas não se incomodam em pagar para ter um carro, mas se incomodam de pagar por música.

E é sobre isso que eu quero falar.

Como se faz para viver da imatéria num mundo onde é preciso comprar comida, água, roupas, pagar aluguel, condomínio, comprovar renda para poder existir frente aos muitos contratos que a vida nos obriga?

Resposta: criando maneiras de retribuir, em dinheiro, aqueles que vivem da sua criação intelectual imaterial.

Por esse motivo, não apenas a Constituição e as Leis Brasileiras, mas também a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU reforçam que todo ser humano, por uma questão de dignidade e sobrevivência, deve ser respeitado e REMUNERADO pelas criações artísticas e/ou científicas das quais seja o autor.

É um trabalho como outro qualquer.

Assim, existem, não só no Brasil, mas na imensa maioria dos países do mundo, Leis que tratam sobre o Direito do Autor. Repito, por uma questão de dignidade e remuneração.

É o único mecanismo Legal que o autor tem para se defender e exigir os seus direitos.

Essas Leis foram criadas na intenção de proteger e garantir que os direitos dos criadores intelectuais sejam respeitados.

Respeitar é pagar.

Exemplo : Eu respeito os supermercados porque os pago. Mas ai de mim se eu entrar num supermercado e não pagar pelo pão que matará a minha fome.

Exemplo 2: Ai de mim se um dia precisar de remédio e entrar numa farmácia sem pagar.

A vida em sociedade, no modelo capitalista, me obriga a respeitar certas regras de remuneração e pagamentos.

E, se é assim, a vida em sociedade, no modelo capitalista, tem que respeitar quem cria músicas, pois quem cria músicas também necessita ver o fruto do seu trabalho virar dinheiro.

Acontece que, não sei se vocês já perceberam, existem muitas pessoas que se recusam e discordam de terem que pagar pela música que ouvem, consomem, tocam e reproduzem.

Então, é simples: não quer pagar, direito seu. Só que não vai tocar, pois é direito meu.

A música, repito, é uma propriedade dos seus autores.

A sua casa é sua, a minha música é minha.

Para usar a sua casa, eu terei de pagar aluguel, certo?

Para você ter a minha música, você terá de pagar por ela, a não ser que EU resolva ofertá-la de graça para você. A gratuidade é uma decisão do artista e não do consumidor. Vale lembrar que todo autor tem o direito, garantido também pela Lei, de oferecer a sua música gratuitamente caso o queira. Mas, repito, a gratuidade é uma decisão que parte do autor.

Há autores que não vivem de música: são dentistas, engenheiros, empresários, carpinteiros, funcionários públicos. Esses podem oferecer a música de graça e muitos assim o fazem.

Há autores que precisam da renda que a música gera para sobreviver. Esses não podem deixar de receber. É para eles que a Lei existe e, para eles, assim como eu, remuneração significa dignidade e sobrevivência.

O que vem acontecendo, no entanto, não sei se vocês já perceberam, é uma tentativa dos meios de comunicação (que se utilizam de músicas e, portanto, deveriam pagar por tal utilização) de enfraquecer o conceito do direito do autor.

E a quem interessa enfraquecer o direito do autor?

Interessa àqueles que deveriam pagar ou, em resumo, aos próprios meios de comunicação que tentam, via jornais, revistas, televisões e rádios enfraquecer junto à população o conceito do direito de autor.

É uma fórmula bem simples e covarde: quem detém o poder da informação através de uma concessão pública (no caso de rádios e TVs) usa isso para seu próprio benefício, apesar, repito, de serem concessões públicas.

O que mais me surpreende nisso tudo é saber que, por exemplo, o Ministério das Telecomunicações não deixa de renovar as concessões públicas de rádios e TVs INADIMPLENTES com o direito autoral. Uma aberração de comportamento político de órgãos públicos que não se preocupam em fazer valer a lei do Direito do Autor e, some-se a isso, ainda fazem coro para bradar que é preciso flexibilizar o direito do autor que, por exigir a remuneração aos criadores, é tida como muito rigorosa.

Assim, por sua vez, o Ministério da Cultura abre as portas para a discussão com a sociedade sobre uma nova Lei do Direito Autoral.

Bacana. Importante. Mas é uma falácia, é mentira dizer que o problema está na atual Lei do Direito Autoral.

Se é para mudar alguma coisa, modernizar, melhorar, então que tal começar exigindo o pagamento aos artistas? Para isso, é preciso consciência da sociedade e, o principal, vontade política.

A solução é simples. Imaginemos: rádios e TVs que não pagam direitos autorais vão sair do ar, vão perder a concessão pública ou vão ter o sinal cortado.

Cumpriu a Lei, transmitiu. Não cumpriu, saiu do ar.

Não é assim que funciona se a gente deixa de pagar aos bancos? A gente não perde o direito ao crédito? O nosso nome fica sujo. A gente passa a ser banido de futuras transações. A gente sai do ar.

Mas, no Brasil, quem não paga Direito Autoral não fica com o nome sujo, porque existe um incansável e falacioso discurso de que é demais pagar pelo conteúdo artístico.

Reparem nos jornais, nas revistas, nas rádios, nos noticiários: é um massacre de opiniões na intenção de enfraquecer o Direito Autoral e ridicularizar a sua cobrança.

Não concorda em pagar pela música alheia? Ok, viva uma vida sem música.

Ou faça você mesmo a sua música para consumo próprio.

Ou explique ao público pagante que o seu evento não terá músicas, porque você não concorda em ter que pagar por isso. Argumente que você só gosta de pagar para os fornecedores de bebidas e comidas, porque, se você não os pagar, eles não entregam os produtos.

Mudando de assunto, mas ainda falando da perda de noção: se você é artista, parece que você tem a obrigação de proporcionar para o público o prazer de ouvir a música que você faz.

NÃO! É justo o contrário. O público consumidor e os meios de comunicação que utilizam a minha música é que têm que me dar o prazer de me remunerar pelo meu trabalho.

É disso que eu vivo.

Se fosse assim, por essa inversão de valores, deveria-se pensar: os supermercados têm comida para oferecer. Toda a população gosta de comer. Logo, porque os supermercados não oferecem comida de graça?

E tem ocorrido outra tendência enganosa: se você é artista, você passa a ter a quase obrigação de dar uma contrapartida social.

NÃO! A contrapartida social é a arte em si.

Proporcionar isso que se chama de "contrapartida social" cabe aos órgãos públicos de Cultura (Ministério e Secretarias), ou seja, facilitar e incentivar a circulação e o acesso da população aos conteúdos artísticos, musicais, literários, etc. Ao artista cabe ser remunerado pelo trabalho que faz, pelo serviço que presta. Só assim ele continuará produzindo com dignidade humana, profissional e financeira.

O problema é que existe um enorme interesse, Senhoras e Senhores, em fazê-los acreditar, via lavagem cerebral, que pagar pela música é indevido, é arbitrário, é abusivo, é coisa do século passado.

E, se a sociedade acreditar nessa inverdade, o artista fica sem ter o que comer.

Leandro Fregonesi, em 09/03/2012

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Este texto pode ser copiado, postado e/ou reproduzido NA ÍNTEGRA, livre e gratuitamente, desde que seja citada a fonte e o autor.

segunda-feira, 12 de março de 2012

É SEMPRE A MESMA VELHA HISTÓRIA

Infelizmente, é o que mais acontece...



Velha História
(Leandro Fregonesi / Helena Pinheiro)

É sempre a mesma velha história
O pecado que acontece
Os olhares envelhecem
E um do outro se distrai
É sempre o mesmo velho enredo
Um acorda bem mais cedo
E do quarto sorrateiro se esvai

Tem sempre o mesmo endereço
Esse descaso que eu conheço
Que é vizinho do desprezo
E faz parede com a ilusão
E cai na mesma antiga falha
Quando um foge da batalha
De viver a vida a dois

Depois a mesma velha briga
É um que fica
O outro corre
Um toma um porre
O outro critica
E nada fica
E tudo morre

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Esse é meu samba mais recente, feito em parceria com Helena Pinheiro, que só me dá alegrias.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A EUFORIA INVADE O PAÍS

Tá chegando a hora de alforriar a alegria.

Quem curtir, curtiu. Quem zoar, zoou. Quem brincar, brincou. Quem sonhar, sonhou.



ALFORRIA DA ALEGRIA
(Leandro Fregonesi / Rafael dos Santos)

Traz a paixão
Do seu olhar
Nessa ilusão
Vem festejar
Me envolver
No seu calor
Vem meu amor
É só querer

Deixa voar
Seu coração
Feito um balão
Solto no ar
Vem me abraçar
Na multidão
E a emoção vai nos levar

É carnaval
Nas ruas, nos salões, pela cidade
A alforria da alegria
Fantasia a liberdade
A euforia invade o País
Na batucada, uma gelada
A gente quer é ser feliz

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Carnaval 2012

Essa época do ano é bem especial pra nós, compositores. É quando a gente se obriga a se reunir para compor para os Blocos e disso surgem muitos outros sambas de meio de ano.

É quando a gente sonha que o povo vai cantar o que a gente faz.

É quando as várias Baterias e seus ritmistas sorridentes nos fazem balançar e acreditar que a força do Brasil não é só econômica.

É quando o povo se enfeita e a cidade atinge o seu apogeu: os cidadãos ocupando seus territórios, seus bairros, suas ruas. É quando o Brasil anda pra frente e dançando, todos juntos, com os pés no chão, seguindo algum som que se mistura com o chiado do arrastar das sandálias e chinelas.

É quando os beijos na boca são mais molhados e tão ardentes quanto explícitos, porque redescobre-se que amar é bom.

É quando a renda per capta não se pode calcular, porque na rua é todo mundo igual.

Bom Carnaval!

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E esse é o nosso samba concorrente pro bloco Simpatia É Quase Amor.

Sacode, Bateria!

SIMPATIA - 2012 by leandrofregonesi

“PRO MUNDO SE ACABAR NO SIMPATIA”
(Ciraninho / Leandro Fregonesi / Rafael dos Santos / Marcão / Ian Moura / Elyzinho)

DE AMARELO E LILÁS
VOCÊ PASSA, EU VOU ATRÁS
O MEU ÚLTIMO DESEJO
É MORRER TE DANDO UM BEIJO
AS TROMBETAS VÃO TOCAR
NESSA DATA SEM JUÍZO
NOSSO BLOCO VAI PASSAR
DESFILAR NO PARAÍSO

AMOR, DEIXA OS MAIAS PRA LÁ
NOSTRADAMUS TAMBÉM
CHEGA MAIS, VEM SAMBAR
CANSEI DESSE PAPO DO ALÉM
DEIXA O MUNDO ACABAR
MEU BEM (Olha, Amor)

MAS...
SE O FIM DOS TEMPOS NÃO ACONTECER
O SOL SE FOR E A LUA APARECER
O NOSSO QUASE AMOR PODE VINGAR
AÍ... O UNIVERSO VAI SE ALINHAR
E A NOSSA BATERIA VAI ARREPIAR
PRA IPANEMA SE ENCANTAR

VEM NA PALMA DA MÃO
CAI NA FOLIA
VEM BRINCAR NO SIMPATIA
2012, NÃO LEVE A MAL!
FIM DO MUNDO É NÃO CURTIR O CARNAVAL!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

UMA GRANDE MULHER

DAQUILO QUE É FEITA UMA GRANDE MULHER
(Leandro Fregonesi)

Brincos, pulseiras, roupas, lenços, louças, copos, amor, panos, detergente, armário, cama, cabide, mesa, cadeira, toalha, cortina, prendedor, sabão em pó, rodo, ferro, luz, tomada, vassoura, amor, xampu, sabonetes, cremes, maquiagens, varal, sapatos, blusas, vestidos, calcinhas, sutiãs, saias, sandálias, amor, chefe, trabalho, contas, seguros, dúvidas, cólicas, medos, conquistas, planos, assertividade, organização, companheirismo, amor, paciência, lisura, retidão, esperança, otimismo, fé, bom humor, gargalhadas, inteligência, música, discernimento, amor, amizade, bom senso, maturidade, praticidade, raiva, perdão, disponibilidade, amor.

Da fibra que é feita uma grande mulher
Podem-se pegar migalhas
Para alimentar mil bocas

Da luz que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um feixe
Para iluminar Paris

Do perfume que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar o rastro
Para perfumar a lua

Do sofrimento que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um tico
Para escurecer os céus

Do gosto que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um grama
Para temperar planícies

Da humildade que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar o exemplo
Para clarear as mentes

Da fé que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar o intento
Para explodir as dúvidas

Da independência que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um gesto
Para se girar o Globo

Das lágrimas que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um gole
Para inundar cidades

Da sensualidade que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar metade
Para congelar os verbos

Da história que é feita uma grande mulher
Podem-se pegar minutos
Para refazer os séculos

Dos caminhar que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um passo
Para se chegar a Deus

Da sabedoria que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar a frase
Para instruir os homens

Dos erros que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar a causa
Para a solução das trevas

Da paz que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um décimo
Para dissolver as guerras

Da força que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um joule
Para interromper os mísseis

Da dor que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um quinto
Para incendiar os povos

Dos sonhos que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um frame
Para alterar os mapas

Do calor que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar as cinzas
Para evaporar as pedras

Dos tropeços que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um tombo
Para desfazer galáxias

Da inteligência que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um nada
Para alterar conceitos

Dos mistérios que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um deles
Para controlar os ventos

Dos medos que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar o menor
Para espantar demônios

Da biografia que é feita uma grande mulher
Pode-se pegar um texto
Para refazer as Leis

Da menina que é feita uma grande mulher
Nada poderá ser pego
Nunca.