quinta-feira, 30 de setembro de 2010

7 ANOS DE CARREIRA

Muita coisa boa já aconteceu até aqui e tenho certeza que muito mais coisa boa ainda virá.

Este show será especial...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Só aplausos?

Fui assistir ao filme “Uma Noite em 67”, que é um documentário sobre o Festival daquele ano e seus principais Artistas.

No meio do filme, me veio a pergunta que não quer calar: onde foram parar as vaias?

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Reparem:

Quem gostava, aplaudia. Com emoção.

Quem não gostava, vaiava. Com a emoção oposta.

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A possibilidade de ser vaiado fazia com que o Artista repensasse o que fazer diante do público.

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Mas as vaias ficaram no século passado, né?

Agora tudo é aplauso!

Qualquer um canta qualquer coisa e: clap, clap, clap!

Se a quantidade de palmas não for suficiente, o artista remenda:

"Quem gostou faz barulho aí, PÔ!"

E quem não gostou faz o que? Apenas silêncio?

PÔ! A vaia era o "barulho" de quem não gostou.

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"Aplauso x vaia" virou "barulho x silêncio"?

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Aplaudir tornou-se uma imposição social velada. É a única opção. É pseudo-elegante.

Mas aplaudir não era apenas UMA entre DUAS opções?

O aplauso não era para ser um apoteótico "sim" contrapondo-se ao desconcertante "não" da vaia?

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O "sim" sem o "não" não perde totalmente o seu sentido?

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Mas o entendimento moderno é o outro: quem aplaude é gente boa, tá feliz, bem resolvido e de bem com a vida.

Quem vaia tá amargurado, tá triste, deve estar fudido, com algum problema sério ou deve ter brigado em casa.

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Então, "aplauso x vaia" deixou de ser uma medida do desempenho do Artista e passou a ser uma medida da psicologia do ESPECTADOR.

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"Gente, vamos bater palma pro Fulano que acabou de cantar!"

Entenda-se: "Gente, vamos fingir que todo mundo gostou, né?"

Que solidariedade às avessas é essa? Ser elegante mentindo?

E quem não gostou da apresentação - geralmente imposta - do Fulano?

É obrigado a bater palma bem fraquinho, em sinal de desaprovação?

Como assim? Aplaudir para desaprovar?

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Alguém vai dizer: "O Fregonesi tá maluco. Quem foi que disse que pega mal vaiar?"

Não é que pega mal...

Mas esse mesmo alguém vai te perguntar:

"Está tudo bem com você? Você está vaiando?"

"Sim, comigo tá tudo ótimo! Quem não tá nada bem é aquele artista ali..."

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E ninguém vai deixar claro pro artista que ele mandou mal?

Tadinho.

Vai mandar mal a vida toda, jurando que mandou bem?

Não seria melhor ter vaiado pra depois o cara melhorar e MERECER um caloroso e justo aplauso?

Muitos responderão: "Não! Vamos dizer DEPOIS, com calma, em particular pro cara que ele mandou mal..."

Mas ele NUNCA vai entender que mandou mal se, na verdade, todo mundo "aplaudiu pra caramba".

E talvez ele pense que você só sabe é reclamar de "tudo". E você vai ficar com cara de otário e fama de chato, mesmo que esteja coberto de razão.

Porque só quem aplaudiu é bacana.

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“Vaias x aplausos” eram as dicas no “Jogo da Vida” do Artista.

APLAUSOS: Avance 5 casas. Você mandou bem.

VAIAS: Volte 10 casas e tente novamente. Você mandou mal.

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Dizem que os Artistas da "Época dos Festivais" eram melhores que os atuais.

Discordo 100%.

Os Artistas de agora são tão bons quanto.

Mas concordo que na "Época das VAIAS" os Caras ficavam mais criteriosos para não passarem vergonha.

Portanto, não ERAM melhores. TORNAVAM-SE melhores.

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Conclusão:

Atualmente, com esse monte de aplauso sobrando por aí, nós, Artistas, temos que reafirmar a nossa música e o nosso ponto-de-vista artístico APESAR DOS APLAUSOS que sempre recebemos.

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Momento cultural:

No citado Festival de 67, a classificação final foi:

1º- Ponteio (Edu Lobo / Capinam)
2º- Domingo no Parque (Gilberto Gil)
3º- Roda Viva (Chico Buarque)
4º- Alegria, Alegria (Caetano Veloso)
5º- Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná)

Este 5º lugar foi um SAMBA cantado por Roberto Carlos!

Veja (a partir do minuto 3:40) as vaias e os aplausos que ele recebeu:



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Conclusão 2:

Grandes Artistas são feitos de vaias e aplausos.