quarta-feira, 28 de julho de 2010

Obrigado, Helena Pinheiro!

Sabe aquilo que eu falei aqui de a letra "Mediterrânea" ter ficado sem melodia?

Pois bem, a minha parceira e madrinha musical Helena Pinheiro resolveu a questão e fez uma bela música. Olha a "demo" aí:



MEDITERRÂNEA
(Leandro Fregonesi / Helena Pinheiro)

Sais do Mar Egeu
Águas de Jasmim
Pedras de Turin
Flores de Madri
Luzes de Paris
Frutas do Irã
Cheiros de Avelã
Ouros, mirras, chás

Véus de muita cor
Ventos de Israel
Cravos de Istambul
Luas pelo céu
Áfricas do Sul
Sons de Gibraltar
Velas de Kabul
Só você e eu
E o mar

.

A propósito, eu e Helena somos amigos - e como me honra ser amigo dela! - há uns 15 anos e nossa parceria tem nos proporcionado muita coisa boa nesta estrada musical.

Eu gravei a nossa "Pra Quem é de Choro" no meu disco "Festa das Manhãs, com lindo arranjo de Mauro Diniz e o bandolim de Marcílio Lopes. Este choro foi uma primeira ideia de letra que ela havia me mandado e eu terminei com o que faltava da letra e com a melodia. Esta nossa música tem sido bastante tocada aqui no Rio na Rádio Roquete Pinto (94,1 FM) no programa "Choro, Chorinhos e Chorões", da apresentadora Clarice Azevedo.



PRA QUEM É DE CHORO
(Helena Pinheiro / Leandro Fregonesi)

Choro... Mas choro sem reclamar
Que é hora de aproveitar o som do choro
Lamento da madrugada, dedilhadinho
Música de calçada no cavaquinho
A emoção delicada faz acordar passarinhos

Choro... Mas choro de alegria
Vestida de fantasia a alma chora
Então se faz bailarina, bem de mansinho
Brilho de purpurina tem meu chorinho
E numa noite divina faz acordar passarinhos

Mão ligeira do mestre do choro
Que me ensinou a tocar
Faço um breque, uma pausa, um repique
Pra quem é de choro chorar
Me emociona ver essa moçada
Que hoje é tão aprendiz
Se encantando com o encanto do choro do meu país

.

Helena mora em Brasíla.

Um dia, ela estava pelo Rio e fomos juntos pra uma Roda de samba que estava sendo organizada pelo amigo Ciraninho, na Barra.

Conversamos muito sobre um monte de bobagens e naquela noite, por muitos motivos, o papo girou em torno das relações amorosas e sobre como elas podem ser surpreendentes em suas idas e vindas, em seus erros e acertos.

E como, muitas vezes, os casais se reencontram após um tempão separados para refazer a história interrompida.

Quando se reencontram, "parece ontem".

Muitas cervejas depois, e antes de eu perder a chave do carro (isso aconteceu antes da Lei Seca... hehehe), comecei a escrever uma letra sobre este assunto na toalha de papel da mesa do pagode.

Helena levou a letra com ela, para fazer um samba. Quando veio de novo ao Rio, o samba estava pronto.



PARECE ONTEM
(Leandro Fregonesi / Helena Pinheiro)

PARECE ONTEM
TEMPO PAROU
E TE GUARDOU PRA MIM

E FOI ASSIM
QUE EU DESCOBRI
QUE O AMOR NÃO TEVE FIM
NÃO ME ESQUIVEI
NÃO TE ESQUECI
NÃO TE CONTEI O QUE EU VIVI

TAMBÉM CHOREI
E FUI FELIZ
FOI POR UM TRIZ
AMEI O AMOR QUE BEM ME QUIS
ME PREPAREI PRA TE ESPERAR
ME PERFUMEI, BANHO DE MAR
EU ARRANJEI UM BOM LUGAR
PRA GENTE SER FELIZ
VOCÊ MUDOU
MUDEI, ENFIM
VOCÊ VOLTOU
TAMBÉM VOLTEI
DE VOLTA AO CAIS
E AO MESMO MAR
AO TE ENCONTRAR
EU APORTEI

.

Nossa música mais bonita, porém, na minha opinião, é a "Quem Sabe".

Se não é a mais bonita, pelo menos foi a que mais gostei de compor com a Helena.

Eu estava em Brasília, numa das muitas vezes em que fui fazer show lá e nós marcamos um chopp no Carpe Diem, um dos bons bares da Capital.

No meio do papo, estávamos falando de que? De relacionamentos.

E lancei:

"Vamos fazer uma música HOJE? A gente não sai deste bar enquanto não fizer uma música. Fechado?"

Ela topou. E começamos a esboçar, no guardanapo, a música:

"Havia sim... Saudade".

E fomos costurando os trechos da canção que nascia.

Era assim: eu fazia um trechinho, ela fazia outro trechinho e parávamos.

Bebíamos, conversávamos e a música ficava ali na mesa esperando a hora de ficar pronta de vez.

Mas deu uma travada na inspiração e a gente meio que se convenceu de que seria melhor terminar outro dia.

Até que eu fui ao banheiro descarregar os chopps e voltei, já sem saber meu nome, pelo meio do bar cantando:

"E eu ri de mim... Verdaaaade!"

Helena gargalhava aos tubos.

Isso desopilou a nossa inspiração e a música nasceu ali mesmo, com os graçons já levantando as cadeiras e sugerindo:

"Vocês não gostariam de fechar a conta?".

Nós: "Calma, amigo, a música está quase pronta!"

Garçom: "Hã?! Essa música aí vocês estão FAZENDO agora?"

Nós: "Sim, estamos compondo..."

Garçom: "Sério? Está ficando bonita!"

Nós: "Obrigado! Estamos terminando. Duas saideiras e a conta. Pode ser?"



QUEM SABE
(Helena Pinheiro / Leandro Fregonesi)

Havia sim saudade
Não por você, por medo
Mas fui assim sem pressa
E eu não guardei segredo

Quem viu meu silêncio
Vazar dos olhos
Pensou que eu pudesse
Evitar o tempo
Pensou que eu pudesse
Estancar na alma
A febre de não ter
Amor por perto

E eu ri de mim... Verdade
Ah, se eu pudesse falar de tudo
Dos erros, quem sabe, de acertos
Quem sabe, de nós... Ah...
Quem sabe de nós?
Quem sabe...

.

Curiosidade:

Como muitos sabem, morei um tempo em Brasília, onde conheci Helena Pinheiro, uma carioca-feliz-em-Brasília, contagiante fã de Élton Medeiros, que é das mais importantes musicistas de lá, por tudo que ela representa na Cidade.

Sabe quando uma pessoa ama e CULTIVA a música com tanta alegria que até transborda? Pois é... Quem já teve o privilégio de romper madrugadas tocando ao lado dela sabe: Helena é mestra não só pelo talento que tem, mas também pelo carinho e respeito com que trata a música ao seu redor e, em especal, os sambas.

Quando eu tinha uns 15 ou 16 anos, nos tornamos amigos, pois frequentávamos as mesmas rodas musicais da Capital. Eu tocava percussão e, aos poucos, fui mostrando os meus primeiros sambas pra rapaziada de lá.

E ela me incentivava, dizendo:

"Esse moleque é enjoado pra fazer música!"

Isso foi quando eu estava começando a compor.

Tão no início que eu nem sabia como tocar no cavaquinho as minhas próprias músicas.

E pedi ajuda pra Helena, que tocava cavaco, violão e flauta, além de cantar e compor lindamente. Pedi numa cara de pau que me envergonha até hoje:

"Helena, posso ir um dia na sua casa você me ensina a tocar os meus sambas? É que eu tô indo pro Rio e queria levar uma fitinha com essas músicas gravadas pra mostrar lá".

Se fosse qualquer outra pessoa, desconversaria.

Mas ali estava a minha GENEROSA nova amiga e futura parceira, a quem passei a chamar de Madrinha, tempos depois. Ela me encorajou e respondeu:

"Sim, vai lá em casa segunda-feira que é um dia mais tranquilo e eu te ajudo nisso."

E na segunda-feira, no horário marcado - 20h - eu cheguei. Saí de lá às 5h da manhã, depois de aprender minhas músicas, aprender muito sobre amizade e generosidade, beber alguns uísques e ouvir, fascinado, o CD "João Nogueira e Paulo César Pinheiro" da série Parceria, disco que ela havia me recomendado.

Guardo esta noite no meu relicário de lembranças como uma das mais importantes e significativas para a minha vida. Sabe porquê? Ouçam a gravação abaixo. Vocês vão entender o valor que teve a ajuda da Helena para mim naquele contexto. Quem ajudaria um garoto novo cantando assim? Não sei não...


"Quarta-feira de Cinzas" (Leandro Fregonesi)

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A amizade e a cumplicidade musical que nasceu entre mim e Helena Pinhero me inspira para muitas batalhas nessa carreira musical que escolhi pra mim.

Helena foi minha primeira incentivadora fora da minha família. Foi o primeiro olhar crítico que me aprovou. Foi o primeiro elogio que veio de alguém que não me conhecia.

Este incentivo está guardado aqui no peito e se manifesta forte sempre que é necessário.

Mas tem um momento em particular que é realmente mágico. Lembro dela e das coisas que ela me disse lá no comecinho embrionário da minha carreira, quando faço um samba novo e penso, na mesma hora:

"Esse a Helena vai gostar de ouvir!"

Encerro este texto por aqui, sinceramente, com lágrimas nos olhos de lembrar dessas histórias, com uma frase que também aprendi com ela. Quando algum músico faz algo muito bonito no instrumento, ela diz, com um sorrisão generoso:

"Obrigado, Fulano!"

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Então, pra ela:

OBRIGADO, HELENA PINHEIRO!


Foto tirada em Brasília, após um show em que ela cantou comigo.

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Aguardem! Vem aí o primeiro disco da Helena Pinheiro, com sua obra linda obra autoral, contendo, para minha alegria, as nossas "Parece Ontem" e "Quem Sabe".

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dois Mestres. Três gerações.



Estive com Moacyr Luz em Campinas, no Tonico’s Boteco, o principal ponto de referência do samba por lá. Esta foto, inclusive, foi tirada no dia, em 2002.

Assisti ao seu show e depois conversamos um pouco. Nada muito sério.

O mesmo encontro se repetiu em 2005, no mesmo bar.

Dessa vez, porém, acabamos retornando ao Rio juntos e foram 6 horas de viagem. Aí sim, muita conversa, muitas histórias e eu fui conhecendo melhor o artista que muitas vezes eu vi tocar no Bip-Bip, aqui em Copacabana, de quem eu já tinha alguns CDs, mas pouco conhecia de sua trajetória.

Estava adentrando o maravilhoso mundo musical de um dos mais respeitados sambistas da atualidade.

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Curiosidade:

Ainda em Campinas, na hora do almoço, na casa do Paulo Henrique (dono do Tonico's Boteco), deu tempo do Moacyr empunhar seu violão para uma mini tocata, de meia hora, no máximo.

Ele cantou músicas suas e pediu, sem cerimônias:

"Fregonesi, canta um samba aí."

E eu tive a honra de cantar “O Mundo é um Moinho” (Cartola) ao som do violão do Moa, num momento em que ele estava muitíssimo inspirado, solando lindamente, além dos acordes da canção.

Estávamos entre amigos. E sem percussões.

Daí, caiu a minha ficha: o violão tocado por Moacyr Luz é mesmo mágico.

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Voltando (pro Rio).

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A viagem terminou, nos despedimos e eu disse: “Moacyr, estou em vias de gravar um disco e gostaria de te mandar umas letras para você musicar, sem compromisso, SE você gostar.”

Ele foi meio reticente: “Tá, Fregonesi, manda sim. Eu ando meio enrolado com muitos shows e projetos, tem muitas letras do Aldir (Blanc), do Luiz Carlos (da Vila), do Paulinho (César Pinheiro), do Hermínio (Bello de Carvalho) que estão comigo há meses e eu ainda nem fiz nada. Mas manda sim...”

Mandei três.

Ele escolheu uma delas, “É Verdade”, e fez a melodia sem alterar nem uma vírgula da minha letra original. Coisa de Mestre.

Aqui está a gravação que entrou no meu disco “Festa das Manhãs”.
(O início com o Moacyr cantando na fita k-7 NÃO ESTÁ NO CD).



É VERDADE
(Moacyr Luz / Leandro Fregonesi)

É verdade
Você vai deixar saudade
No meu peito
Que é metade encantamento
Metade dor

Seu amor
Não passou de falsidade
Foi talvez contra a vontade
Bem ao gosto da ilusão

Você errou
Ao dizer que me queria
Tentação e covardia
Fui fantoche em tuas mãos

E agora que acabou sua magia
Acabou minha alegria
Com o fim da união

A cabeça te procura
Vai às tontas
Nesse imenso faz-de-conta
Tanta farsa a troco de emoção

Você partiu
Nem sei dizer pra onde
Se escondeu lá muito longe
Sem notícia, sem recado, sem saber
Que as batidas do meu peito
Que eram todas por você
Hoje batem sem saber porquê

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Convidei MONARCO para dividir comigo esta música no meu CD e ele aceitou prontamente, com a generosidade que só quem é das antigas sabe exercer.

E o que falar sobre Monarco?

Qualquer texto meu será pequeno perto da sua estatura musical. Mas vou tentar.


Foto do celular, 2010.

Monarco é O CARA. É a Enciclopédia Viva do Samba.

Sabe tudo. Canta tudo. Lembra de cór dezenas de sambas que ninguém jamais se lembraria que existem, graças à sua ótima memória. Alguns desses sambas, acho que nem os próprios compositores guardaram registro, à época, posto que nunca foram gravados e muitos dos compositores mais antigos até já faleceram.

Monarco conheceu e conviveu com praticamente TODOS os personagens mais importantes do Samba. Conta histórias que deveriam ser mais ouvidas e valorizadas.

E faz uma coisa rara: divide com a gente, da nova geração, a sua experiência. E o faz de forma tão natural que, num simples bate papo, Monarco e Samba passam a ser uma coisa só.

Dedicou toda a sua vida à Portela. Aprendeu com Paulo e com Natal.

Conta que sofreu um bocado. De muitas maneiras.

E fica fácil perceber que venceu na vida pelo talento.

Tem, além do seu acervo autoral de grandes sucessos gravados por outros artistas, o maravilhoso legado de Intérprete, seja solo ou com a Velha Guarda da Portela, com seu timbre de voz imponente.

Monarco é o pássaro que vai na frente.

E, acima de tudo, é um homem de alma humilde, um artista sem chatices e sem aquela vaidade de se mostrar superior. Talentoso como poucos. Compositor hábil e popular.

Tive a sorte de já ter feito alguns shows com ele e posso afirmar:

Monarco não canta. Ele dá aula de Samba.

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Quando saiu o meu disco "Festa das Manhãs" com a música "É verdade", o jornalista Paulo Márcio Vaz, do jornal O Fluminense, de Niterói, escreveu sobre mim, a partir do que ouviu no CD:

"O samba pode se gabar de ter um compositor que garante a qualidade do gênero por, pelo menos, mais uma geração."

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Então, se é assim, em "É Verdade" temos: dois mestres e três gerações do mesmo samba.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ésse, ó, éle, i, dê, a, til, ó


"Flor Sem Xaxim", com Leandro Fregonesi e Áurea Martins

Ainda não conheci nada mais dilacerante que a solidão. Não a solidão por opção, tipo querer ficar sozinho, desligar o celular, não abrir a internet, não responder aos amigos em certos dias de pouca animação e de recusar convites, alegando que “é uma fase em que prefiro ficar sozinho” ou “fechado para balanço”.

Falo da solidão de não ser procurado. De parecer ter sido esquecido por todo mundo, sem exceção.

De ter certeza que ninguém vai fazer contato, por mais que se queira. E é tudo o que se quer.

De estar, ao mesmo tempo, longe de casa, da família, de todos os amigos, da cidade em que se nasceu e viveu a vida inteira. E longe da fé.

Lon______________________________________________ge.

A solidão inevitável dos primeiros dias de quem busca construir uma vida nova em outra cidade, por exemplo.

Aquela solidão que é vizinha da depressão no andar de baixo, da fraqueza no andar de cima, da insegurança na parede direita, do cansaço na parede esquerda, das dúvidas na janela dos fundos. E da tristeza, vizinha da porta da frente, que muitas vezes vem pedir algum ingrediente para o seu bololô.

Uma solidão que não esbarra na rua com a esperança.

Pendure no cenário dessa solidão: o pai que há anos sequer telefona, com outra família já constituída como prioridade absoluta e a mãe de difíceis negociações emocionais, garantia de brigas intermináveis que, quando faz contato, estraga o dia.

Jogue o foco da luz para o fato mais relevante de todos: a morte do único irmão que se tinha. Morreu com 32 anos, vítima de câncer - "essa doença filha da puta!" - que o liquidou em 2 meses de angústia e sofrimento.

Deu pra entender, né?

Ésse, ó, éle, i, dê, a, til, ó = SOLIDÃO.

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Como dizem as pessoas que querem falar de sexo sem se expor: “Essa história não é da minha vida, mas é da vida de uma pessoa que conheço”.

Mas é verdade. Tudo isso aconteceu.

Bem na minha frente.

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E foi inspirado por esse contexto que eu escrevi, numa madrugada de profundo silêncio, esta canção:

FLOR SEM XAXIM
(Leandro Fregonesi)

Duas voltas na chave da porta
Ninguém vai chegar
E aqui dentro não tem lua cheia
Nem vento que sopra
Nem brisa de mar

Nas paredes, nos cantos da casa
A voz me embaraça de tanto ecoar
E eu vivo aqui
Quase morto

A cidade não olha por mim
E eu não faço questão de você perceber
Ninguém vê que eu invento alegria
Que eu minto euforia pra sobreviver

No espelho a imagem que eu vejo
Me traz mais desejo de ver mais você
Perto de mim
Aconchego...

E o que falta pro meu coração
É saltar esse vão que me afasta de mim
Eu preciso me reconhecer
Pra que eu possa fazer companhia pra mim

Mas me sinto de asa quebrada
Com rodas quadradas
Quintal sem jardim
Flor sem xaxim
Fé sem crença
Solidão é a doença
Que quer me matar

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Eu a gravei, no meu disco “Festa das Manhãs”, que foi dirigido pelo Ivan Paulo.

A música ganhou o arranjo de Rildo Hora.

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Curiosidade 1:

Dias antes da gravação o Rildo me ligou para perguntar se o tom poderia mudar para ré maior, pois eu havia pedido que o arranjo fosse em mi maior para o disco: "Leandrinho, é o Rildo! Se essa música mudar para ré maior, dá para fazer uma coisa mais interessante no arranjo, usando as cordas soltas, como baixo, nos acordes do violão".

Eu: "Claro, Rildo! Que bom que você ligou, porque eu compus a música originalmente em ré maior mesmo e estava nessa dúvida entre o ré e o mi".

Rildo: "Então vou manter o arranjo que eu já fiz aqui em ré, ok?"

E, para minha surpresa, ele arrematou: "Olha, tanto essa música quanto aquela outra lá (Futuro do Pretérito, meu bolero de 8 minutos, que também ganhou arranjo dele) são muito boas. A gente quase não vê mais música desse tipo por aí. E as pessoas não me chamam para fazer arranjos desse tipo, porque acham que eu só faço samba, sabe? Mas na verdade eu gosto também de atacar nessa área das canções mais calmas. Gostei muito mesmo. Você um dia será meu parceiro, porque faz músicas muito boas".

E, não cabendo em mim, retruquei: "Puxa, Rildo, muito obrigado. Que bom que você gostou. Vindo de você, eu vou até acreditar que as músicas são realmente boas".

Curiosidade 2:

No meu aniversário do ano seguinte, ele publicou no site da Agenda Samba e Choro o seguinte texto, na íntegra:

"Leandro Fregonesi é um rapaz culto, inteligente e talentoso. Trabalhei com ele no seu disco Festa das Manhãs, produzido pelo amigo-maestro Ivan Paulo. Gostei do trabalho e agora, com alegria, vejo que está fazendo o certo, ganhar a estrada. É nela que se aprende com os que por lá já passaram, o roteiro do infinito Caminho das Pedras.

Dizem que o Caminho das Pedras foi descoberto por meninos que queriam saber do mundo e suas nuances. Guiados pela esperança pegaram a estrada levando a sina, alguns que não gostam de caminhar, foram ficando. Os mais persistentes, que chegaram ao final, descobriram num livro de consultas a palavra experiência, e muitas coisas. Ao entenderem seu significado, continuaram consultando, vivenciaram alegrias e tristezas, redescobriram suas vontades.

Há quem diga que o Caminho das Pedras vai dar na Terra dos Sonhos, onde moram artistas e pensadores.

Leandro Fregonesi, futuro parceiro musical, pretende chegar lá com seus poemas e esperanças. Conseguirá."

Rildo Hora
Março de 2006



No estúdio, com os maestros Rildo Hora e Ivan Paulo.

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Convidei para cantar "Flor Sem Xaxim" comigo no CD ninguém menos que:

ÁUREA MARTINS!

Áurea nos fez chorar a todos no estúdio quando interpretou, à sua linda maneira, a minha música mais triste de todas que já foram gravadas até hoje.

Palavras do Ivan Paulo: "A Áurea parece que canta com lágrimas na voz".

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Curiosidade 3:

Dizem que a Elizeth Cardoso, de quem Áurea é contemporânea, falava:

"Agora que acabou meu show, quero ir ver a Áurea cantar".

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cavalo de Tróia e Força Maior


Camarim do Canecão, no lançamento do CD do Diogo, que gravou "Força Maior"

"Dois astronautas voltaram no tempo e presenciaram a Vida, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus de Nazaré". Assim se apresenta o livro "Cavalo de Tróia" (autor: J.J. Benítez), que li fascinado, numa fase minha de busca intensa por informações sobre a vida e a obra do Cristo.

Antes desse livro, eu já havia ficado atônito com o filme "Paixão de Cristo", do Mel Gibson, que tem argumento semelhante ao do "Cavalo de Tróia". E antes do filme, eu já vinha lendo umas coisinhas a esse respeito.

Ambos, livro e filme, tratam da inimaginável força física de um Gigante que estava muito além do seu tempo - do nosso tempo - e dizia que seu reino não era deste mundo, além de afirmar que, apesar das muitas moradas na Casa do Pai, o caminho é um só.

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E ficam as minhas perguntas de sempre:

Talvez porque Deus seja um só? Uma só? Deus é homem? Ou é mulher? É um ser? Ou uma força maior? Está acima? Abaixo? Entre nós? É a natureza? Ou é o progresso? Está nas atitudes? Ou nas intenções? Está vivo? Onde? Está com saúde? Ou agoniza? É uma equipe? Organizada? Caótica?

E quem será o Deus de Deus?

Eita porra!

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O fato é que "Cavalo de Tróia" foi um livro marcante pra mim.

Deu vontade de fazer um samba de roda falando de Deus.

E foi num bate papo de butiquim, aqui em Copacabana, que eu mostrei o embrião do refrão pro Ciraninho, meu parceiro de muitos sambas, irmão, camarada e amigo de fé.

Papo vai, papo vem e o refrão definitivo ficou simples e nos agradou:

"Deus...
Louvado seja Deus."

Fácil e objetivo, como devem ser os textos que pretendem dar algum recado.

Quer ver o texto simples de um "Recado"?
"Amai-vos uns aos outros."

Convenhamos: é simples, né?

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E o mote do resto do samba veio da nossa vontade de falar sobre essa coisa escrota de se brigar, discutir, não-tolerar e fazer picuinhas por motivos religiosos.

Estávamos comentando que todas as religiões, em certos aspectos, são caminhos bons. Todas valem. Todas levam a algum lugar psicologicamente melhor. Todas consolam. Todas, de alguma maneira, esclarecem alguma coisa a alguém. Todas louvam alguma força maior que nós não sabemos ao certo o que é.

Talvez o "único caminho" seja não desistir da busca.

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Acho que chamamos de "Deus" tudo aquilo que nos foge ao entendimento.

E a partir daí, cada um vai na sua viagem, na sua busca pessoal, com sua crença e sua bagagem nessa aventura da vida.

A minha viagem, com minha bagagem, é:
"Creio em Deus porque seria realmente bom que ele existisse".

Outra gelada?

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Voltando.

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Saímos do refrão pra primeira e o samba foi se desenrolando.

E volta pro refrão, na estrutura de um samba de roda.

E cai pra segunda.

Dias depois, na hora de fechar a segunda, nos encontramos com o Diogo Nogueira, nosso parceiro neste samba, que foi sugerindo trechos de letra e de melodia para compor o que ainda faltava.

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Curiosidade 1:

O Diogo tem tatuado "Jesus Cristo" no corpo.

Eu e Ciraninho também. No fundo do peito.

Curiosidade 2:

Neste dia, 15/01/2009, em que terminamos o "Força Maior", horas antes, eu e Ciraninho estávamos juntos, na Quadra da Lapa, entregando o nosso samba-de-embalo que concorreria no Bloco Simpatia É Quase Amor e que, poucos dias depois, nos daria o tetra-campeonato consecutivo no Bloco (2006, 2007, 2008 e 2009). Um feito inédito. Outro dia eu falo mais disso.

E, da Lapa, ligamos pro Diogo:
"Aí Cumpadi, estamos na pilha de fechar o 'Força Maior' HOJE-AGORA. Onde você tá? Em reunião na Barra? Estamos indo aí!!! Tem cavaco?"

Curiosidade 3:

Resposta do Diogo: "Pô, Bicho, vem que eu dou um jeito. Vou levar o cavaco do Alceu (Maia), que está aqui comigo na reunião e disse que empresta. Serve?"

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Maravilha! Samba fechado a 6 mãos, num quiosque da Praia da Barra, com o cavaco do Alceu Maia, no final de uma madrugada que nos brindou com um nascer do Sol daqueles de fazer foto:


Foto do meu celular, às 5:40h do amanhecer do dia (seguinte) em que nos encontramos, eu, Ciraninho e Diogo Nogueira, para terminar o "Força Maior".

Cantamos o samba "no clima" umas cinco ou seis vezes e o Diogo gostou tanto que, imediatamente, soltou a frase que todo compositor ama ouvir: "Vou gravar, meu Cumpadi!"

E o que era para ser um simples samba de roda, ganhou uma introdução bonitona e ficou assim:


Gravação de Diogo Nogueira, no CD 'Tô Fazendo a Minha Parte"

FORÇA MAIOR
(Leandro Fregonesi / Diogo Nogueira / Ciraninho)

Minha força é a fé
Que carrego no fundo do peito
Quando nada dá pé
É amém, é axé
Não tem jeito
No terreiro Ele é Oxalá
No Oriente Ele é Alá
Ninguém sabe como explicar
Essa força maior
Ele sempre estende a mão
Não importa a religião
Não tem raça, não tem nação
Porque Deus é um só

Deus
Louvado seja Deus

Deus está no coração que concede o perdão
No coração que é feliz vendo o outro feliz
É o perfume que vem da natureza
Flor que renasce no solo da impureza
Uma estrela a me guiar
Manto que aquece a família
E protege o meu lar

Ele é o céu, água do mar
Luz do luar, Sol do Verão
Enche de paz minha oração
Me dá guarida
Vento que traz inspiração
Força da vida
Ventre de todo Universo
No verso da minha canção

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Foi assim que, das páginas do "Cavalo de Tróia", nasceu "Força Maior".

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Do Catete a Ipanema: um samba

Em 2008, dentre mais de 500 inscritos de todo o Brasil, tive a felicidade de ganhar o Festival "Bota Pra Fazer Música" (categoria Samba), no Teatro Odisséia, Lapa, por unanimidade do júri formado por especialistas como Teresa Cristina e Dorina.

Por isso, fui convidado a fazer um programa ao vivo nos estúdios da Oi, patrocinadora do Festival, em Ipanema.

Dentre os amigos que chamei para tocar comigo neste programa, estava João Martins, malandro do Catete, meu parceiro de grandes sambas, muitos deles ainda inéditos.

Fomos juntos pro compromisso, no meu carro.

Dentro do carro, a caminho do estúdio, João pegou o cavaco: "Pô, Fregona, bora terminar AGORA aquele samba lá?! Canta aí a cabeça". Eu tinha mostrado pra ele a primeira numa daquelas quartas-feiras do Guanabara, em que o Pagode rolava bonito sob o comando do Negão e do Nézio.

Então, eis que no trajeto de 10km entre o Catete e Ipanema, fomos a diversão do trânsito carioca (principalmente nos sinais fechados), tocando, cantando, batucando no volante, no painel, compondo a segunda e o refrão. Com a empolgação necessária para um bom samba nascer e ganhar corpo na voz.

Samba pronto! Nome da criança: "Nova Era"

Chegamos no estúdio.

Teste de som. Tudo ok?

Valendo!!!

O programa ao vivo começou. Estávamos online para o mundo inteiro.

Entre um papo e outro com o apresentador, fui cantando sambas meus e, ainda meio inseguro na letra e na melodia, me arrisquei a cantar "Nova Era", o samba que acabara de nascer, minutos antes, de parto normal, no meu carro.

Aí está:


Gravação do grupo Deu Branco

NOVA ERA
(Leandro Fregonesi / João Martins)

Água rolou
Da cachoeira prateada
Foi descendo pela mata
O riacho começou
Folha caiu
Por cima da terra molhada
Da semente germinada
A vegetação brotou

Nasceu da luz do Sol um novo dia
Rompeu a esperança no olhar
A natureza anuncia nova era
Ai, quem me dera
Novo amor também chegar

Para reviver, para clarear
Ai, quem me dera
Novo amor também chegar

.



Desde então, Eu e João Martins já dividimos "Nova Era" em vários shows e rodas de samba, sempre com o mesma alegria de quem fez do trânsito turbulento entre Catete e Ipanema a melhor coisa que poderia ter acontecido naquele dia.

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A cantora Renata Jambeiro, que desponta em Brasília, também gravou esta música no seu DVD "Sambaluayê".

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Luiz Carlos da Vila

Retemperar (Leandro Fregonesi / Luiz Carlos da Vila)



Duas postagens anteriores e duas citações a Luiz Carlos da Vila não são mera coincidência. É que ele foi mesmo muito importante na minha vida de compositor. E o pouco que pude conviver com ele me deixou lições bonitas.

Mas como pode ser importante um parceiro com o qual se fez apenas uma música?

É que ele era genial. E quando se tem a chance de compor com alguém genial, fica a sensação de sermos igualmente geniais por termos entrado no hall dos parceiros aceitos por esses geniais que admiramos.

Genialidade e generosidade. Palavras que até se parecem, talvez por terem convivido tanto tempo juntas dentro de um mesmo Luiz. O genial “Da Vila” foi generoso comigo, desde a primeira vez que nos encontramos no camarim do Teatro Rival, para participarmos do show do nosso parceiro comum Riko Dorilêo.

Lá, ele disse: “Ah, você que é o Fregonesi? Tem mais alguém com esse nome no samba? Já ouvi falar de você, mas achei que você fosse mais velho”.

E, na intenção de não importuná-lo demais com minha imensa admiração pelo seu talento e trabalho, respondi apenas: “Sim, sou eu. E sou muito seu fã. Gostaria de poder compor junto com você”.

Ele arrematou: “Claro, vamos trocar umas idéias. Mas não só de música. De vida também”.

Eis que eu chego em casa e não durmo enquanto não faço uma primeira daquelas classudas para mostrar a ele. Para que ele não recusasse a parceria.

Só dormi quando fechei esse começo de samba:

“Porque você agiu assim tão sem juízo
E, sem aviso, resolveu que nunca mais?
De madrugada fez as malas de improviso
Alegando que eu não valorizo o que você me faz
É seu direito ir atrás do paraíso
Eu fui narciso nas questões sentimentais
Meu bem, perdoa por tamanho prejuízo
Se é pra ter o teu sorriso
Eu me sensibilizo e volto atrás”

Liguei pro “Da Vila” e marcamos que eu deixaria uma fitinha k-7 pra ele no estúdio da editora EMI, onde ele teria reunião naquele dia e onde faríamos fotos para um show em que ele seria meu convidado, no Sacrilégio, Lapa.


No detalhe, com a letra e a fita k-7

Entre uma foto e outra, sobrou um tempinho e havia um violão no canto do estúdio. Ele disse: “Eu vou ouvir a fita quando chegar em casa, mas toca no violão o que você fez pra eu conhecer”. E lá fui eu mostrar pro meu ídolo o que eu tinha feito.

Ré menor. Alegria e apreensão fizeram com que eu tocasse cadenciando o samba.

Cantei duas vezes, reforçando alguns trechos na minha interpretação para que ele captasse a intenção da música.

E veio a resposta que pareceu um sonho: “Deixa a segunda pra mim!”

Não sabia como retribuir. Não sei até hoje.

Poucos dias depois, ele trouxe a segunda inteira pronta, modulando para ré maior, com sua musicalidade inconfundível:

“Retemperar o velho amor
Cuidar do tato e do sabor
O tempo é o maior professor da existência
Intransigência não faz ninguém mais feliz
O mal que eu fiz o teu perdão poderia perdoar
Livrar-nos de qualquer resquício da pendenga
Acabar com a lenga-lenga
Sem ouvir o leva-e-traz
São naturais entre os casais coisas assim
Abafa o caso e o estopim
E vamos viver em paz”
.

Eu estava gravando o disco “Festa das Manhãs” e mostrei pro maestro Ivan Paulo, diretor musical. Resposta do maestro: “Que samba bom! Vamos gravar, certo?”

“Gostou mesmo, Ivan? Porque eu adorei!”

Arranjo a cargo de Mauro Diniz.

E tive o segundo ato de ousadia: convidei o “Da Vila” pra cantar em dueto comigo. Ele aceitou, reforçando: “Olha, você sabe que eu não sou cantor, né? Mas como a música é nossa, eu aceito participar”.

E depois ele fez comigo o lançamento do disco tanto no Rio quanto em São Paulo, cantando juntos a nossa nova “Retemperar” e muitos dos seus sucessos.

Em Sampa, feliz por se julgar plenamente recuperado do "probleminha" de saúde pelo qual passou, ele me fez um dos maiores elogios que já recebi na minha carreira. E o fez sem perceber, como devem ser os atos de grande generosidade. No meio do papo, ele soltou : “Fregonesi, acho que pela primeira vez eu não mudei nem uma vírgula de um samba que me foi dado para terminar”.

Generosidade se paga com generosidade. E a última coisa que consegui falar para o genial e saudoso Luiz Carlos da Vila, no intervalo de um dos seus shows, no Carioca da Gema, foi: “Da Vila, eu adoro te ouvir cantando. Sua voz é o melhor trompete do samba”.

Ele riu e deu um gole no uísque.

Áfricas do Sul

Nessa época em que TUDO gira em torno de Copa do Mundo, lá vou eu! Mas vou pela tangente, só pra aproveitar o mote.

Em 2008, num bate papo de msn com minha amiga Monique Kessous, excelente cantora e compositora com quem tenho algumas parcerias, me propus a escrever uma letra de improviso abordando temas mediterrâneos.

Num repente veio essa "Mediterrânea". Mandei pra ela. Ela gostou e fez uma música, chamada "Noites em Turim", inspirada na minha letra, mas usando apenas fragmentos do que eu escrevi e, generosamente, me colocou como parceiro da música também.

E o que isso tem a ver com a Copa do Mundo? Nada. Mas tem "Áfricas do Sul" lá no meio.

E assim eu aproveito o mote...

MEDITERRÂNEA*
(Leandro Fregonesi)

Sais do Mar Egeu
Águas de Jasmim
Pedras de Turim
Flores de Madri

Luzes de Paris
Frutas do Irã
Cheiros de Avelã
Ouros, mirras, chás

Véus de muita cor
Ventos de Israel
Cravos de Istambul
Luas pelo céu

Áfricas do Sul
Sons de Gibraltar
Velas de Kabul
Só você e eu

.

* Por essa letra ter sido preservada praticamente intacta, eu decidi que a mandaria - essa sim! - para o Luiz Carlos da Vila musicá-la por inteiro. Achei que ele, dentre os meus parceiros de samba, seria o que melhor traduziria as imagens e emoções que eu quis passar ao escrever. E assim fiz, indo em um dos seus inesquecíveis shows no Carioca da Gema, na Lapa. Ele leu o papel na hora e disse: "Bonito! Gostei. Vou fazer!". Só que essa não deu tempo de terminar.

E continuam aqui a letra e a saudade dele. E da Monique também, que já não vejo há alguns meses, em função da correria da vida.




Pra quem ficou curioso para ouvir "Noites em Turim" (Monique Kessous / Leandro Fregonesi), aqui vai uma demo:

Boas vindas!

Amor Imperfeito (Leandro Fregonesi / Ciraninho)



Para começar bem este Blog, uma música que dá boas vindas ao amor. Gravada por Diogo Nogueira, no disco "Tô Fazendo a Minha Parte", em 2009. "Amor Imperfeito" ficou entre as 3 músicas mais pedidas da MPB FM (90,3).



AMOR IMPERFEITO
(Leandro Fregonesi / Ciraninho*)

Bem-vinda seja a paz de volta ao nosso lar
Depois de tanto guerrear o amor venceu
É mais que um sonho, eu nem posso acreditar
Abre a porta, pode entrar
Vem ver que nada que foi nosso se perdeu

Pra que brigar e tentar se desfazer
De um amor que o bem querer
Tratou de erguer e defendeu?

Que bom te ver
Esta luz no seu olhar
Hoje há de me guiar
Pr’eu acordar nos braços teus

E quando acordar eu quero te amar
Do jeito que eu sempre te amei
Matar a saudade que o tempo deixou no meu peito
Tirar esse nó da garganta
Viver esse amor imperfeito
Um amor que apesar das barreiras
Nunca foi desfeito




*Ciraninho é dos meus mais queridos amigos e parceiros de samba. Nossa trajetória compondo juntos já tem quase 10 anos. Mostrei essa primeira pra ele, em abril de 2005, dizendo que deixaria para o Luiz Carlos da Vila fazer a segunda, mas daí ele veio logo com a segunda pronta e ficou. E eu troquei bamba por bamba.